CRIAÇÃO E EXPOSIÇÕES DE CÃES

 

Inicialmente, importa esclarecer que criamos dogues alemães há vinte cinco anos e, há menos tempo, cães da raça rottweiler.

Durante todo este tempo, temos exposto nossos cães nas exposições de conformação aos respectivos padrões oficiais, estando sempre presentes a tais eventos. Assim, fica claro que gosto da criação de cães e das exposições.

A toda evidência, estas atividades não se confundem, embora possam (devam) ser complementares.

O criador deve ser menos imediatista e deve buscar fixar as boas características da sua raça (linha de sangue), através de várias gerações de acasalamentos estratégicos e com alguma consanguinidade.

Os acasalamentos “line breeding” e “in breeding” permitem ter proles de cães homozigotos em termos de genes que vão atuar beneficamente nos fenótipos do seu plantel. Para tanto, para estabelecimento de uma “linha de sangue”, serão necessárias várias gerações, com ninhadas pautadas nas análises dos genótipos e fenótipos dos cães selecionados para a procriação. Vale a pena repetir...

Já o expositor de seus cães acaba se tornando em um competidor. Isto traz vantagens e desvantagens.

 Na prática, a realidade bem demonstra que a competição é mais um fator de desagregação do que de união. O competidor acaba sendo um “apaixonado” individualista. Entretanto, a competição não deixa de ser um fator de motivação para o criador.

O expositor/competidor tem uma perspectiva mais imediatista e busca rápido sucesso nas exposições, ainda que temporário, tópico.

 De qualquer forma, a exposição acaba sendo um local de contato entre os criadores e de trocas de informações e experiências.

As exposições também são absolutamente relevantes para evitar que as raças caninas se descaracterizem, sendo uma boa referência, um “farol”, para os criadores atentos à melhoria de sua criação. Através de seus vários julgamentos, os juízes cinófilos explicitam as boas características que os padrões exigem para a  tipicidade das raças caninas.

Por tudo isso, fica claro que o ideal é que uma correta e estratégica criação esteja complementada e orientada pelos bons julgamentos que se realizam nas exposições de conformação aos padrões rácicos. Estas atividades devem andar juntas.

Entretanto, criar com qualidade exige tempo e conhecimento do padrão das raças, inclusive, algum conhecimento de genética animal.

Criador não deve ser também confundido com proprietário de bons cães, comprados no país ou no estrangeiro. Este pode ser apenas um passo para iniciar uma boa criação ou uma busca apressada para sucesso em exposições.

Lamentavelmente, temos criadores que se motivam mais por vencer competições, muitas vezes sem sequer a elas estarem presentes, do que se interessam por criar com competência e seriedade.

Poucos se interessam realmente pelo desenvolvimento e preservação da tipicidade da raça canina escolhida, sendo direcionados pelos compreensíveis, mas danosos, interesses financeiros. Poucos criadores são estudiosos e leem boas obras sobre a sua raça.  Isto ocorre não só aqui, mas acontece também em escala mundial.

Outono de 2025

Afranio Silva Jardim, titular do Canil Jardim Silva há 25 anos.

Obs. Na foto acima, a minha Cuba Kanto do Jardim Silva é a cadela do meio.

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