OS ROTTWEILERS ESTÃO FICANDO ATARRACADOS???

 

Em recente exposição no Estado do Rio de Janeiro, conversando com um juiz de cães que não estava designado para atuar naquele evento, ele me indagou se eu tinha notado que os rottweilers estavam ficando atarracados e se eu tratava do tema em meu livro de comentários ao padrão da raça.

Confesso que não me lembrava do que tinha escrito na referida obra, mas, desde logo, concordei com a observação daquele antigo e experiente árbitro. Lógico que toda generalização é perigosa e deve ser considerada com as devidas reservas. Talvez seja uma tendência em razão do novo fenótipo que ora está na moda...

Não se trata aqui de questionar a altura dos rottweilers, bem delimitada pelo padrão oficial da raça, alterado pela ADRK no ano de 2018. A cernelha do rottweiler continua com a mesma distância do solo de um modo geral. Então, como dizer que os cães estariam ficando atarracados? Talvez seja esta a explicação: em busca de um rottweiler com ossos mais espessos e tronco mais compacto e robusto, restam sacrificados os membros do cão, principalmente os posteriores.

Ora, o padrão oficial da nossa raça é expresso e literal ao exigir “coxas moderadamente longas” e “pernas longas, fortes e amplamente musculosas, vigorosas”.

 

Fiquei satisfeito por ter cuidado deste tema no meu livro, conforme me certifiquei logo que cheguei em casa e passei a melhor observar vídeos e fotos postados no Youtube e nas redes sociais em geral. Acho que posso concordar com o atento juiz acima mencionado e ratificar o que deixei dito na minha obra específica, cujo trecho transcrevo abaixo:

 

“Deixei por último o tamanho das pernas traseiras do rottweiler para chamar a atenção para uma tendência que vem se acentuando nos exemplares mais pesados. Muitos deles estão ficando “atarracados”, mormente em razão do pequeno comprimento dos membros traseiros.

“Ora, o padrão oficial é imperativo: as pernas devem ser fortes e musculosas, mas devem ser também longas (não curtas). Posteriores muito curtos descaracterizam a nossa raça!!!”. (Rottweiler, Estudos sobre o padrão oficial. Rio, Editora Lumen Juris, 2023, 2ªedição, p.20/21).

 

Outro motivo para esta deformação morfológica pode ser a excessiva preocupação de alguns criadores em priorizar a “largura da frente” de seus rottweilers, que passaram a ter um antepeito mais largo e seus membros anteriores mais distantes entre si. Isto torna o cão ainda mais brevilíneo e baixo, tornando-o mais longo do que deseja o padrão oficial da raça rottweilers.

Dispõe expressamente o referido padrão rácico: “O comprimento do tronco, medido da ponta do esterno (osso do peito) à tuberosidade isquiática, é maior que altura na cernelha em, NO MÁXIMO, 15%.”

Casos há em que estas frentes muito largas criam um certo desequilíbrio em face da altura da garupa dos rottweilers, criando uma indesejada linha de dorso ascendente, pois os cães passam a ter a sua parte dianteira mais baixa.

 

Desta forma, precisamos ficar atentos também a este aspecto morfológico da nossa raça, que está se transformando em um cão “muito molossóide e de aparência geral pesada”, características punidas pelo padrão oficial como falta grave.

Afranio Silva Jardim, 23 anos de cinofilia

 


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