(Filhotes de nossa criação, com 6 meses) 


O “STOP” DO ROTTWEILER NÃO DEVE SER MUITO PRONUNCIADO

 

Também em relação ao crânio dos rottweilers, o padrão oficial da raça não está sendo devidamente considerado. 

Criadores(as) e juízes(as) cinófilos parecem desprezar o que diz o padrão oficial da raça rottweiler também em relação à cabeça do rottweiler... Aqui, vamos nos ater apenas ao crânio, deixando de examinar o focinho, cana nasal, dentição, etc.

Preliminarmente, importa notar que o padrão rácico foi reformado em julho de 2018, justamente para deixar expresso o repúdio às distorções que a raça vem sofrendo a partir de alguns exemplares criados principalmente no leste europeu.

Agora o padrão oficial da raça pune, com falta grave, o rottweiler que seja um “tipo muito molossóide e com aparência geral pesada”.

Este aspecto cronológico ou histórico é relevante para a interpretação sistemática do padrão da nossa raça.

Uma premissa deve ser considerada: a cabeça do rottweiler não é braquicéfala, tendo o padrão sido alterado para dizer que o seu crânio deve ser RELATIVAMENTE largo entre as orelhas e, visto de perfil, moderadamente arqueado. Assim, não pode ser grande o índice cefálico da cabeça do rottweiler (largura x 100, dividida pelo comprimento).

Aliás, em busca de corretas proporções, tudo no rottweiler deve ser moderado, vale dizer, nada extremado, nada exagerado. Equilibrado em sua estrutura, o rottweiler terá uma movimentação correta.

Quero aqui chamar especial atenção para uma distorção que não está sendo percebida ou considerada pelos criadores, e mesmo pelos árbitros, nas exposições gerais ou especializadas. Refiro-me ao “stop” do rottweiler, ou seja, o ângulo da cabeça do cão formado pelo encontro da testa com a linha superior do focinho. 

Também neste particular, a reforma do padrão  foi explícita, acrescentando a palavra “relativamente” ao texto original, passando a constar do nosso texto rácico a frase: “stop RELATIVAMENTE marcado”. Ora, tal acréscimo  deve ter consequências ...

Ademais, ao elencar as faltas morfológicas, a mencionada reforma do padrão oficial pune clara e expressamente o “stop MUITO PRONUNCIADO”. A cabeça não deve ser do tipo “hound”.

Somente um stop NÃO muito acentuado permite que, “vista de perfil, a linha da testa seja MODERADAMENTE arqueada” (padrão oficial). O rottweiler não deve ter uma “testa alta”, que pede um indesejável focinho arrebitado.

Por outro lado, constata-se haver atualmente uma indesejável tendência: inserção muito alta das orelhas, muitas das quais não pendentes junto às faces do cão. 

Notem que o "stop" exagerado quase sempre vem acompanhado de olhos redondos e meio "esbugalhados", quando o padrão rácico exige olhos "amendoados".

Lamentavelmente, temos visto muitos exemplares sendo premiados com estas vedadas características, tanto no Brasil como no estrangeiro.

Finalizo esta breve reflexão alertando, mais uma vez, sobre a necessidade de criarmos nossos cães em rígida conformidade com o padrão oficial da raça e não direcionados por gostos pessoais ou interesses comerciais. Sem tipicidade, não há raça canina ...

O problema é que vamos nos acostumando com estas distorções e não mais as percebemos.

Os árbitros têm grande responsabilidade nos seus julgamentos, pois através das exposições, com suas premiações, é que se vai direcionando uma determinada criação.

O público em geral, sendo leigo e sem o necessário conhecimento da raça, acaba realimentando a descaracterização da raça, criando-se um círculo vicioso perverso.

 Termino asseverando que, nos dias atuais, é no “stop” dos rottweilers que se constata a maior dissonância com o padrão oficial, o que outorga aos exemplares expressões faciais totalmente estranhas à origem da raça.

 

Afranio Silva Jardim, titular do Canil Jardim Silva há 23 anos.

 

 

 

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