AS EXPOSIÇÕES CANINAS
NÃO SUBSISTIRÃO CASO NÃO PRESTIGIEM OS CRIADORES PRESENTES
A minha constante presença
nas exposições caninas, há mais de 25 anos, me autoriza a fazer essa reflexão
de caráter construtivo.
Importa esclarecer que
comecei criando cães da raça dogue alemão e, mais recentemente, também cães da
raça rottweiler.
Em todas as centenas de exposições, sempre os
meus cães foram transportados por mim, que assisti a todas as suas apresentações.
Vale dizer, a todas estas exposições estivemos
presentes como criador.
Entretanto, na atualidade,
quase todos os cães são transportados e apresentados por profissionais (handlers),
sendo rara a presença de criadores. Vale dizer, a própria existência das exposições
caninas depende dos handlers que, cada um deles, apresentam vários cães.
Um dos problemas decorre
justamente do fato de que os handlers sempre estão vinculados a cães que devem
estar entrando em mais de uma pista simultaneamente, impossibilitando serem
apresentados pelos seus handlers indicados (ninguém pode estar em vários lugares
ao mesmo tempo).
No sentido de atenderem a
estes profissionais, os horários das pistas não são respeitados, aguardando-se
que os handlers fiquem desocupados aqui e ali para poderem exibir os animais
conforme se obrigaram com os seus clientes. Isto causa uma série de incômodos
para todos.
Quero deixar claro que
não estou criticando a satisfação dos interesses destes importantes profissionais.
Também sem eles não existiriam as
exposições caninas.
Não tenho aqui solução
para este sério problema e a finalidade deste texto é outra: mostrar que os
organizadores das exposições têm de buscar soluções que satisfaçam a todos os
envolvidos com a cinofilia.
O fato é que estas
alterações de horários aleatórias, e sem prévio aviso, causam grandes
dificuldades para os poucos criadores que se dispuseram a levar os seus cães às
exposições, acentuando ansiedades, dúvidas, perplexidades e grande demora nos
eventos.
Ressalte-se que muitos
destes criadores precisam se retirar das exposições em tempo hábil e seguro para
o retorno às suas cidades de origem.
Ademais, os cães também ficam
prejudicados com este retardamento, mormente quando a temperatura estiver
quente.
Por derradeiro, muitas
vezes, os juízes também são afetados pois, além de cansados com a demora, ficam
ociosos, aguardando a liberação dos handlers que estão apresentando cães em
outras pistas.
Quero aqui chamar a
atenção para um dado que me parece muito relevante: se os novos criadores, que
estão indo às exposições, não forem devidamente prestigiados, eles restarão
desinteressados pela exibição e competição de seus cães. Talvez não retornem às
exposições e não mais valorizarão a titulação de seus cães.
Ocorrendo o desinteresse
acima apontado, estes criadores não entregarão, no futuro, seus cães aos
professionais (handlers) para os levarem e apresentarem nos eventos em que não
possam ir ou não desejem estar presentes.
Vale constatar que os
cães, que os handlers estão hoje apresentando, são de proprietários que, no passado,
estiveram nas exposições e foram por elas “seduzidos”.
Desta forma, se não for incentivada
a presença dos novos criadores às exposições e se eles não forem devidamente informados
de suas dinâmicas e atendidos em seus legítimos interesses, os handlers não
terão, a médio prazo, clientes que lhes entreguem os cães para o desempenho de
sua importante profissão.
Assim, as exposições poderão
ficar esvaziadas e economicamente inviáveis.
Diretores dos clubes
cinófilos devem ouvir criadores e handlers para buscaram soluções para este e
outros problemas que estão diminuindo a frequência às exposições, colocando em
risco a própria subsistência da cinofilia formal e regulamentada.
Dialogando, sempre serão
obtidas soluções que a todos atendam. Há muitos outros problemas a serem
solucionados em prol da melhoria das exposições caninas. Precisamos de práticas
mais democráticas nas relações de todos os seguimentos envolvidos nesta apaixonante
atividade.
Rio de Janeiro,
primavera de 2025
Afranio Silva Jardim
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