Ainda sobre a cabeça do rottweiler: breve comentário sobre a profundidade do seu “stop”

 

Em vários textos anteriores, com fulcro no padrão oficial da raça, estudei amplamente a cabeça dos cães da raça rottweiler. Esses textos estão publicados no meu livro sobre o rottweiler e no blogue caniljardimsilva.blogspot.com

Aqui, desejo dar maior realce a mais um dos aspectos físicos da cabeça do rottweiler, excessivamente valorizada pelos criadores da raça e pelos juízes cinófilos.

Cuidarei do “stop” e da correspondente altura da testa que compõe o crânio desta conceituada raça canina.

Nos dias atuais, lamentavelmente, encontramos rottweiler com uma cabeça quase  braquicéfala, o que exige crânio muito largo, olhos arredondados, focinho curto e arrebitado.

Tendo em vista o que dispõe expressamente o padrão rácico, tenho combatido veementemente esta deletéria descaracterização do rottweiler, que chega mesmo a ferir a sua imprescindível tipicidade.

Acresce que estes desvios do padrão oficial sempre vêm acompanhados de dois outros, como consequência anatômica: “stop” profundo/exagerado e testa muito alta.

Como se sabe, na raça rottweiler, nada deve ser exagerado, pois, a todo momento, o padrão da raça exige moderação e equilíbrio morfológico.

No caso do “stop”, dispõe expressamente o texto do padrão que ele deve ser “relativamente marcado”, sendo falta o “stop muito pronunciado”, tudo em coerência com as demais características descritas da cabeça do rottweiler, pois no crânio, “visto de perfil, a linha da testa é moderadamente arqueada”

Entretanto, em que pesem estas exigências expressas no padrão oficial da raça, é até comum assistirmos a juízes cinófilos premiando cães com estas faltas morfológicas nas exposições de conformação e beleza.

Lógico que estas decisões podem estar lastreadas na consideração de outros defeitos dos demais cães concorrentes e na qualidade de outras características do cão premiado. Infelizmente estas decisões não são e não podem ser motivadas, motivo pelo que deixam muitas dúvidas para os criadores mais atentos e estudiosos.

Importante salientar que não se trata de “mero preciosismo”, na medida em que o mencionado padrão não aponta como falta grave tais defeitos morfológicos. Entretanto, não é bem assim, pois a somatória de faltas não graves podem levar à própria atipicidade da raça, consoante sustentamos em nosso livro acima referido (Rottweiler, Estudos sobre o Padrão da Raça, editora Lumen Juris, 4ª.edição). 

Ademais, como acabamos de demonstrar, estas faltas estão anatomicamente vinculadas àquelas outras, próprias da indesejável cabeça braquicéfala.

Continuamos aqui com a nossa “luta” pela criação absolutamente fiel ao texto do padrão homologado pela FCI e pela nossa CBKC, alterado no ano 2018, justamente para condenar expressamente o rottweiler “muito molossóide e de aparência geral pesada”.

 

Inverno de 2025

Afranio Silva Jardim, criador de cães de raça há 25 anos.

 


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