A IMPORTÂNCIA DA LINHA SUPERIOR NA MORFOLOGIA E DINÂMICA DO ROTTWEILER.
Quase tudo que aqui se dirá não é novidade para os mais experientes cinófilos e também não é peculiar à raça rottweiler, que estamos criando e estudando.
Aliás, muito do que
cuidamos abaixo já consta no meu longo comentário ao padrão oficial da nossa
raça, modificado no ano 2018. Esta minha obra está publicada pela Editora Lumen
Iuris, agora em segunda edição e tem o seguinte título: “Rottweiler, estudos
sobre o padrão oficial”.
Julgo que o nosso padrão
rácico consagra uma proporção “altura/comprimento”, de modo a que o fenótipo do
rottweiler seja o mais “quadrado” possível.
Assim, ao tratar das
proporções importantes do rottweiler, dispõe o padrão oficial: “O
comprimento do tronco, medindo da ponta do esterno (osso do peito) à
tuberosidade isquiática, é maior que a altura na cernelha em, no máximo, 15%”.
Por outro lado, o citado
texto, que tipifica o rottweiler, expressamente exige que o dorso seja “reto,
firme e forte”, o lombo seja “curto, forte e profundo”, bem como
postula uma garupa “larga, de comprimento médio; ligeiramente arredondada”,
nem “plana e nem caindo (angulação média)”.
Entretanto, segundo nos
parece, após longa e atenta observação, mormente em exposições de cães e fotos publicadas
nas redes sociais, o maior problema morfológico, que se constata na atual
criação da raça rottweiler, é exatamente nas supra citadas proporções, que vão
afetar a excelência da linha superior do cão e, por via de consequência, em sua
melhor movimentação, trote não lento (o padrão não pede velocidade).
A desejada “quadratura”
dá ao rottweiler uma estrutura mais compacta, além de outros predicados abaixo
apontados. Por isso, julgo ainda que os criadores e os árbitros, nas exposições,
deveriam dar mais atenção ao que dispõe o texto do citado padrão oficial da
CBKC (modificado no ano 2018).
O rottweiler mais
“curto” tem mais condições anatômicas para apresentar uma linha superior melhor
(dorso, lombo e garupa), vale dizer, não selada
e não arqueada. Acima citamos as
características que cada uma destas partes da linha do superior deve possuir,
segundo expresso no padrão rácico.
A linha superior correta
é importante principalmente para melhor transmitir a força propulsora do cão,
proveniente dos membros posteriores.
Uma linha superior correta
e firme (que pressupõe uma viga bem articulada e devidamente rígida) impedirá a
dispersão da força propulsora e vai otimizar a movimentação do rottweiler. Lógico
que esta boa movimentação depende também de vários outros fatores... Falamos em
“viga” e não em “coluna”, tendo em vista que estamos tratando de mamíferos
quadrúpedes.
Importante salientar que
se percebe uma nefasta tendência na criação atual da raça rottweiler. Em busca
de cão mais molossóide (o que não é desejado pelo padrão rácico), muitos
criadores estão privilegiando exemplares com frentes muito largas e
atarracados, com membros mais curtos do que aqueles que sempre caracterizaram a
raça.
Esta busca de um
rottweiler molossóide acabam dando excessiva importância à sua cabeça, cada vez
mais “pesada” (que não pode ser braquicéfala). Este tipo de cabeça exige, para
sua melhor sustentação, um pescoço curto e grosso, embora o padrão fale em
pescoço “moderadamente longo”, “seco” e com linha “superior ligeiramente
arqueada”.
Notem que o padrão é
expresso e claro ao dispor que as coxas devem ser “moderadamente longas” e
as pernas “longas”.
Talvez por tudo isso é
que, em sua grande maioria, são publicadas, nas redes sociais, fotos apenas
frontais de rottweilers, demonstrando um certo desprezo pela análise
morfológica de todo o corpo do animal.
Desta forma, talvez se
possa constatar que a raça rottweiler está sendo descaracterizada, muito pelos
apelos comercias e pelo desconhecimento mais detalhado do padrão rácico, seja pelos
criadores e criadoras, seja pelos árbitros(as) que avaliam os cães nas exposições.
Ademais, para ter uma
melhor força propulsora, os membros posteriores do rottweiler devem ser
paralelos e ter moderadas angulações. O padrão impõe “jarretes firmes,
bem angulados, não inclinados (oblíquos)”. Nada disso também pode
examinado pelo exame apenas frontal dos rottweilers ...
Por derradeiro, sugiro que
o Conselho da Raça e os Clubes Especializados estimulem os novos criadores a
estudarem o padrão oficial da nossa raça e esclareçam ao grande público que ele
efetivamente existe. Caso contrário, se continuar esta tendência de tornar o
rottweiler em um grande molossóide a raça restará descaracterizada e perderemos
este grande e amável amigo, também útil na nossa guarda ou proteção. Chamaremos
de rottweiler uma outra raça canina com outras características morfológicas.
Lamentável!!!
Afranio Silva Jardim,
titular do Canil Jardim Silva, registrado na CBKC sob o n.1759/200
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