(Minha Diana von Remesso e filhote)
SOBRE OS MEMBROS
POSTERIORES DOS ROTTWEILERS
Estou atento à cinofilia
há pouco mais de 22 anos. No ano 2000, comecei a minha criação da raça Dogue
Alemão, tendo, posteriormente, me especializado na variedade dourado/tigrado.
Meu canil Jardim Silva obteve o primeiro lugar no Brasil, por sete anos consecutivos,
nos rankings da CBKC e do site Dog Show.
Em 2004, a nossa Nut do
Jardim Silva obteve o título de campeã mundial (dogue azul), na exposição mundial
realizada aqui no Rio de Janeiro (Riocentro). Nossos dogues dourados (Rico e
Sofia) ganharam, cinco vezes seguidas, a concorrida exposição Top 20 da raça dogue
alemão.
Narro tudo isto para
demonstrar que não sou neófito ou inexperiente na criação de cães, vez que
somos atentos não só ao fenótipo como ao genótipo na opção de acasalamentos.
Sempre privilegiamos as
exposições gerais ou ecléticas. Desta forma, quase sempre tínhamos um dogue
alemão disputando o concorrido grupo dois. Pouquíssimas vezes este numeroso
grupo era vencido por um dogue alemão ou por um rottweiler. Sei dos motivos
pelos quais os dogues alemães não eram muito privilegiados neste grupo, mas
aqui não é o local para examiná-los. Quero aqui refletir alguns dos motivos
pelos quais os rottweilers também não eram assíduos ganhadores do grupo dois.
Passando a criar a raça
rottweiler há pouco mais de três anos, tenho estudado muito o respectivo padrão
rácico e “adestrado” a minha vista para os exemplares atuais, principalmente
através de vídeos, fotos e algumas poucas exposições.
Deste estudo, resultaram
vários pequenos textos e uma ampla interpretação e comentário do padrão da
nossa raça rottweiler, tudo publicado em meu blogue: caniljardimsilva.blogspot.com
A toda evidência, é
importante o conhecimento teórico, mas ele não é um fim em si mesmo. Ele é um
relevante instrumento para “iluminar” a realidade objetiva, os fatos, vale
dizer, para que melhor compreendamos a prática e possamos bem atuar nela.
Assim, não basta
compreender o sistema do padrão rácico, suas regras, seu espírito e princípios.
É preciso também “adestrar” os nossos olhos para enxergarmos o que o “leigo”
não vê, o que alguns novos criadores também não percebem, mormente em face de
determinados desvios decorrentes de aspectos comerciais ou decorrentes de
nefastos modismos.
Chega a ser comum vermos
rottweilers premiados em exposições especializadas com defeitos na parte
posterior do exemplar: cães longos, dorsos defeituosos, garupas caídas e com
inserção de cauda muito baixa, angulação coxofemoral em desacordo com a
angulação da escápula, etc.
Entretanto, o que mais
me incomoda é a pouca angulação dos membros inferiores ou a aproximação dos
jarretes, que não se apresentam firmes, eretos e paralelos, como exige o padrão
oficial da raça.
A comprovação desta
pouca preocupação com a parte posterior dos rottweilers é que na grande maioria
das fotos publicadas nas revistas especializadas e nas redes sociais o cão aparece
retratado de frente ou em “diagonal”, exibindo uma frente robusta e os membros
posteriores totalmente desalinhados, muitas vezes com jarretes muito próximos (grave
defeito).
Sequer dá para examinar
corretamente a linha superior do animal, sua profundidade de peito, e necessário
paralelismo de seus membros posteriores, etc, etc.
Notem que as angulações destes membros posteriores são muito importantes para otimizar o impulso do cão, facilitando que ele saia rapidamente da posição estática, dando-lhe agilidade, bem como criando melhores condições para o cão saltar obstáculos.
Talvez esta preferência pela frente do rottweiler decorra, além de outras circunstâncias, (inclusive de cunho comercial), de se adotar o costume de provocar a atenção dos animais com bolas e outros atrativos para melhor salientar, nas exposições especializadas, a suposta excelência de sua expressão facial. Os cães já são adestrados previamente para isto.
Notem, ainda, que o nervosismo e
a ansiedade não são virtudes, mas defeitos severamente punidos pela nova
redação do padrão oficial do rottweiler.
Enfim, temendo pela
descaracterização da nossa raça, venho travando uma verdadeira batalha contra
este deletério modismo, sendo muitas vezes mal compreendido pelos colegas
criadores.
É importante sempre salientar
que os criadores têm de buscar exemplares o mais próximo possível do padrão rácico
e não criar de acordo com seus gostos pessoais, sob pena de desaparecer a raça
rottweiler. Sem tipicidade, não há raça canina.
É preciso notar também,
que o corpo do cão é um sistema que funciona regido pelas leis da física
mecânica e não se pode alterar o seu balanceamento sem ter sérias e nefastas
consequências, inclusive, para a saúde do animal.
Verão de 2023, Afranio
Silva Jardim, titular do Canil Jardim Silva, desde o ano 2000.
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