DEVEMOS TENTAR EVITAR A
DESCARACTERIZAÇÃO DO ROTTWEILER
Julgo que todos e todas
que têm experiência com a raça Rottweiler, ou são estudiosos(as) de sua
tipicidade, decorrente das regras de seu padrão oficial (site da CBKC), devem
se esmerar e se esforçar para que o “lado comercial” e o “amadorismo” não
desvirtuem ou descaracterizem esta maravilhosa raça canina.
O público em geral e
alguns criadores desinformados (ou mal intencionados) se impressionam com os
rottweilers “excessivamente molossóides” e de “aparência geral pesada”, com
cabeças muito largas entre as orelhas, stop muito pronunciado, focinho curto e
arrebitado, pescoço curto e grosso, arqueamento de costelas em “barril”, nervoso,
ansioso, etc. etc. etc
Ora, tudo isso é expressamente
penalizado pelo padrão oficial da raça rottweiler, em graus diferenciados,
chegando até mesmo à desqualificação do exemplar.
Os novos criadores estão
sendo influenciados e, como é normal, ainda não se debruçaram para estudar o
padrão rácico. Alguns criadores sequer leram o padrão da raça ...
Vale a pena repetir que
a criação de uma raça canina não deve ser guiada pelo gosto pessoal do criador,
mas sim pelo padrão oficial de cada raça, sob pena de ela se extinguir a médio
ou longo prazo. O padrão rácico é a “lei de criação” e devemos sempre ser fiéis
a ele.
Por isso, estamos em uma
verdadeira “cruzada” contra estes “rottweilers” atípicos.
Correndo o risco de
sermos antipáticos e não bem compreendidos, mas sempre advertimos, nas redes
sociais, que este ou aquele exemplar pode ou está fora do padrão, principalmente,
diante de fotos de cabeças enormes e pesadas.
Em nosso blog ( caniljardimsilva.blogspot.com
), publicamos textos sobre estas anomalias,
inclusive, um longo e detalhado estudo de interpretação do padrão da nossa raça.
Acho que não podemos
ficar silentes, deixando estes desvios da raça se consolidarem. Pela omissão,
seremos responsáveis pelos desvios morfológicos e funcionais dos rottweilers.
Deixemos de lado susceptibilidades
e interesses comerciais e vamos “arregaçar as mangas” para esclarecer o que é
certo e o que é errado na criação dos rottweilers.
Os clubes especializados
devem se mobilizar intensamente neste sentido, como também o Conselho Brasileiro
da Raça Rottweiler (CBRR). Este último, pelo seu coordenador, Dr.Walter Coutinho,
tem se pronunciado sobre este tema de forma adequada (informativo da Apro e
palestra publicada no Youtube).
Os árbitros, nas respectivas exposições, não
devem premiar rottweilers demasiadamente pesados. Estes não devem receber o
conceito “excelente” para não se incentivarem estes desvios morfológicos. As
exposições são os espaços onde se tutela e dirige a criação das raças.
Sem tipicidade, não há
raças caninas.
Cabe aqui ressaltar, com
absoluta ênfase, o excelente e indispensável texto do professor e doutor alemão
PETER FRIEDRICH, presidente do German Kennel Club (VDH) e membro da comissão de
padrões da Fédération Cynologique Internationale (FCI).
Este estudo se encontra
integralmente publicado no relevante e instrutivo “Anuário 2021 – Rottweiler,
Destaques da Raça”, publicado por “Rottweiler de Verdade”, (Cris Dalle Molle
e Ricardo Carvalho), com o sugestivo título “Características Fenóticas
Questionáveis do Rottweiler”.
Por derradeiro, importa salientar
que não se está lutando contra as novas e evolutivas alterações que, ao longo
do tempo, ocorrem em todas as raças caninas e são fruto de pequenas mutações
genéticas.
O que não se pode
admitir é transformar o rottweiler em um cão deformado, abrutalhado, muito pesado
e muito molossóide. O rottweiler, pelo seu índice cefálico, não é um cão
braquicéfalo, “atarracado” e indolente.
Rottweiler sempre foi um
cão ágil, de grande propulsão e resistência, qualidades que o habilitaram a ser
classificado como excelente cão de guarda.
Quem desejar cães com “cara
de mau” para se exibir em público, deve procurar outras raças caninas.
A criação de uma raça de
cães exige muito trabalho, estudo, conhecimento, responsabilidade e ética.
Afranio Silva Jardim,
titular do Canil Jardim Silva (registrado na CBKC no ano 2000).
Comentários
Postar um comentário